domingo, 28 de abril de 2013

Mais um pouco de leitura


      O livro que vou relatar hoje é “ A morte é uma Serial killer”. Foi um livro que, admito, me deixou confuso. Penso que não só a mim, isso aconteceu também a mais pessoas. Mas, nem sempre a confusão é uma coisa negativa; neste caso, era preciso ler até à última página, até a última palavra para entender todo o livro. É fantástico como apenas meia dúzia de parágrafos deram sentido a todas aquelas páginas.
      O tema é interessante para quem gosta de leitura violenta, recheada de mortes e crimes. É quase inteiramente sobre um grupo de delinquentes escolhidos, que foram submetidos a um programa que pretendia fazê-los arrependerem-se dos seus actos mortais. É claro que, se o fizessem, seria um bocado óbvio, e é aqui que entra a magia da autora. A meio do livro tudo muda, levando-nos a outras pequenas partes que dão um enorme sentido a todo o livro. Também com pequenas analepses, conhecemos mais detalhadamente a vida que cada um dos delinquentes, e dos motivos que os levaram a cometer todos aqueles crimes, mas não são apenas eles que a autora descreve, mais personagens aparecem ao longo das páginas. Sem aviso, entramos para detalhes de outro personagem, depois de outro, e começamos a entender que nem todos os crimes são feitos porque lhes apetece, e existe quase sempre uma razão para que aconteçam. Normalmente, são pequenas vinganças que se tornam num vício que não se consegue parar.
Tal como este livro que, apesar de pequeno, se torna viciante. Tudo isto nos faz pensar que, se formos tratados de forma violenta quando estamos a crescer, mais tarde podemos não controlar isso e tornar-nos ainda piores do que quem nos fez mal.
Leva-nos também a reflectir um pouco, sobre o que devemos fazer com estas pessoas doentes que já não se conseguem curar. Devemos continuar a ajudá-los? Ou nunca vão mudar? Devem ser presos ou mortos? Cada um segue a sua opinião e, na minha, deviam ler este livro. É uma boa escolha, e bastante interessante para as pessoas que gosta desta leitura mais agressiva.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Entrevista

      Olá a todos. Depois de ter falado sobre o livro, achei que era uma boa ideia fazer uma entrevista à autora, espero que gostem.


Quando começou este sonho de começar a escrever e de conseguir publicar um livro?

O escrever surgiu naturalmente, por volta dos sete, oito anos. Fazia-o em diários, adorava criar redações e tinha um fascínio em escrever para o jornal da escola, o Tenente Coronel. Mais tarde, nas férias de verão, comecei a redigir cartas para mim própria, fingindo-me outra pessoa. Inventava países, línguas, paisagens, cheiros, sons e gentes. Depois respondia-as. Na adolescência, escrevia letras de músicas. Mas foi com a entrada na faculdade e com a distância de tudo o que me era querido que a necessidade de escrever tornou-se real. Fazia-o praticamente todos os dias, num blog e em cadernos. As pessoas liam, comentavam e incentivavam-me. Aos 19 anos comecei o Distúrbio, sem qualquer pretensão. Imprimi-o e passei-o de mão em mão. Quando vi que ele estava a ser bem recebido pelos leitores, decidi que era hora de tentar publicá-lo.

Sabemos que o seu livro não foi publicado aqui. O que a levou a tentar tão longe de casa?

Essa foi outra coisa que aconteceu sem que eu, realmente, fizesse alguma coisa por isso. Após várias recusas de editoras portuguesas, decidi que, talvez, o passo estivesse a ser muito grande. Então, comecei a procurar concursos literários onde pudesse praticar. Descobri a Estronho ao acaso. Vi que estavam a receber textos para serem publicados numa antologia – CursedCity. Escrevi mas nunca imaginei ser selecionada. Fui. Mais tarde, já fazia parte de outras antologias da editora, quando o M. D. Amado questionou-me se não teria nenhum original escrito. E como eu já era fã da Editora – tanto pelo trabalho que fazem, como pelo tratamento que dão aos autores e leitores – achei que não haveria nenhuma razão que me fizesse recusar essa oportunidade. Nem mesmo a distância.

Pensa um dia tentar publicar aqui? Ou não quer dar mais oportunidades a editoras nacionais?

A questão deveria ser: será que algum dia me darão a oportunidade de publicar no meu país? É claro que eu quero ser editada em Portugal. Terminei um original recentemente e enviei-o a duas editoras portuguesas. Ambas aceitaram mas cobravam-me para publicar. Assim não quero. Até poderia fazer um esforço e guardar dinheiro para isso. E respeito muito quem opta por essa forma de publicação. Mas, a meu ver, se me pedem dinheiro para publicar algo que me deu tanto trabalho, a que me dediquei várias horas dos meus dias, durante tantos meses, é sinal que, ou não está assim tão bom, ou não houve aquele click entre a obra e o editor. Assim sendo, prefiro aguardar. Tenho 24 anos. A minha oportunidade chegará algum dia. E se não chegar, é porque não era para acontecer.

Na sua opinião. Este país gosta de ler? Ou pensa que este país é ignorante?

Uma grande fatia dos portugueses é sensível às artes. Noto que há uma valorização, do cidadão comum, em relação à música, à representação, à dança e à leitura. Sempre que entro numa livraria, encontro pessoas sentadas a ler. Não é difícil achar um leitor nas paragens dos autocarros ou nas salas de espera. Mas, por outro lado, só vejo isso em pessoas acima de uma certa idade. Os jovens não estão propriamente afeitos a isso. Preferem as discotecas. Há exceções, claro, e, felizmente, conheço muitas. Mas acho que isso se deve a uma triagem que a própria pessoa faz. Procuramos sempre pelos nossos semelhantes, assim como eles fazem questão de agir da mesma forma. Eu critico quem diz que ler é perder tempo. E, de igual maneira, sou olhada com ridiculez quando estou sentada, por aí, a ler ou a escrever.

Agora uma coisa que todos querem saber. Pode dizer-nos em que está a trabalhar agora?

Bom, na escrita, ando envolvida em vários projetos. Normalmente, escrevo um romance de cada vez e vou intercalando com contos que possam surgir. Mas, já no fim de 2012, tinha em mãos três romances e uma antologia de contos. “A Sombra da Loucura” é a continuação do “A Morte é uma Serial Killer”, embora possa ser lido separadamente, e é um regresso ao passado que explicará algumas coisas que ficaram em aberto. “Dependência” conta a história da Maria, uma assistente social casada e com duas filhas que, perante um caso bastante complicado de maus-tratos físicos, emocionais e sexuais, decide adotar o Miguel, um rapaz rebelde de 17 anos. No entanto, essa adoção não é feita com base num amor de mãe mas, sim, numa relação amorosa que ambos escondem. É neste romance que tenho trabalhado mais. “Bi” fala sobre uma rapariga que é bipolar, bissexual e leva uma vida dupla: tem um trabalho dito normal, durante o dia e, à noite, é acompanhante de luxo. E, finalmente, a antologia de contos “Casos de Polícia” surgiu de uma conversa que tive, no Brasil, com a Celly e o Marcelo. Passa-se em 2083, onde Portugal e Espanha são um só país. A PECV – Polícia Especializada em Crimes Violentos – é orientada por três personagens principais, ligados à psiquiatria forense e ao profiling criminal. Cada conto abordará um caso diferente. Não sei se algum será publicado. Mas estou a divertir-me muito com cada um deles. Para além disso, em breve, serão abertas as submissões para a antologia “Insonho – durma bem!”, que reunirá contos de autores portugueses, sobre lendas nacionais. Terá como autores convidados o João Rogaciano e o Miguel Raimundo, prefácio de EkerSommer e será organizada por mim. Paralelamente, comecei a escrever sobre maus-tratos infantis, com o objectivo de passar o máximo de informação às pessoas. (http://www.facebook.com/NaoAosMausTratosInfantis)

O que gostaria de dizer as pessoas que gostam de escrever mas que são desmotivadas por ninguém as reconhecer?

Em primeiro lugar, se gostam mesmo de escrever, fá-lo-ão para si próprios sem pensar em grandes triunfos no futuro. Escrever com o pensamento no dia do lançamento ou com o dinheiro que se vai receber, é tirar qualquer magia ao ato. Quando escrevo, entro naquele meu mundo. Divirto-me, entristeço-me, irrito-me, fico mal-humorada, fico bem-disposta. Só quando acabo é que penso: hum, será que alguém vai gostar disto? O reconhecimento só vem com muita dedicação, muito trabalho, muitas horas de empenho, muita leitura e muito treino. Isso aliado a algum talento resulta sempre. Depois, que tipo de reconhecimento quer ter? Ser lido por algumas pessoas ou receber o prémio nobel? O reconhecimento passa sempre pela entrega. Claro que há exceções. Haverá sempre um livro, que sabemos não ser tão bom assim, mas que é seguido por milhões de pessoas. Vale a pena ter inveja? Vale a pena pregar a todos os ventos que o livro é péssimo e o nosso é que é bom? Na minha opinião não. O reconhecimento conquista-se. E se nunca vier, nem que seja por meia dúzia de pessoas – não vale colocar família e amigos no baralho – é sinal de que, talvez, as coisas não estejam a ser bem-feitas.

Agradeço à autora por ter respondido a todas as perguntas, e que todos comecem a ler mais. É uma boa forma de aprender.










quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Livros

      Não gosto muito de ler, por isso mesmo desde que me lembro, e sem contar com os da escola apenas li dois livros. E o último que li fez-me ganhar um pequeno gosto a mais pela leitura, não entendi bem porquê, mas por cada página que virava eu ficava ainda mais viciado, e no final não consegui mesmo parar. Faltavam-me cerca de 5 páginas para acabar de ler o livro e não o conseguia fechar. O "Distúrbio" conta a vida de uma menina chamada Rossana, ou Roxie, que teve uma vida com excesso de disciplina da mãe, abusos do pai, falhanços, vitórias, uma vida igual à de muitas jovens que por ai vivem cheias de sofrimento e que muitas vezes nem sabemos ou nos lembramos disso. Admito que houve partes que não consegui ler, porque imaginava muito o sofrimento de Rossana, e isso mostra muito bem como o livro consegue mexer com o público. E comigo mexeu muito, em algumas partes senti-me horrorizado e cheio de raiva pelos abusos sexuais do pai de Rossana, e quando me lembrava que existem pessoas realmente a passar por isso, ficava ainda mais triste e era obrigado a fechar o livro.
      Gosto muito deste livro também porque fala de temas que são bastante perigosos, e nos lembra dos cuidados que devemos ter com os nossos amigos. As drogas, excesso de disciplina, fumar, abusos sexuais, são tudo temas que ainda hoje existem e continuam a matar ou a destruir a vida de muitas pessoas. São falados de forma a mostrar o quanto eles podem mudar uma pessoa, e levá-la a querer morrer. E ainda pior, Rossana tem apenas 13 anos, se para um adulto esses são problemas bastante graves, então não imaginem para ela.
      O fim do livro foi a parte que me deixou mais chocado, adorei e nunca pensei que fosse uma escolha para nós. Normalmente adivinho um filme ou livro desde o inicio, e aqui pensei que fosse igual. Eu achei sempre que a morte de um dos pais de Rossana fosse acontecer, mas não. E ainda bem que é assim, se lerem o livro vão perceber porque é que foi melhor nenhum deles ter morrido. Acho que é muito melhor ser cada um a escolher o final que queremos, para não nos magoarmos tanto ao pensar no sofrimento de Rossana. Recomendo que leiam o "Distúrbio", é muito bom.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Notícias

      Infelizmente, morreu no dia 28 de Dezembro, uma jovem que foi violada e espancada por um grupo de..anormais que a atacaram, a ela e um amigo dentro de um autocarro na Índia. Claro que o amigo não foi violado, a anormalidade deles era só para com a rapariga, e como o amigo tentou certamente defender, tiveram de o atacar também. Pior do que isso, foram despidos e atirados à estrada onde, muito feridos, tentavam pedir ajuda. Tenho a certeza que muitas pessoas passaram e não fizeram nada. Piorando ainda mais a situação já que a rapariga estava bastante ferida, principalmente nos órgãos sexuais e outros órgãos internos. Transferida de um hospital para outro, acabou por morrer sem dor, mas essa dor está agora na família e nos amigos que não vão descansar enquanto cada um dos agressores estaiver morto também. Por isso pedem pena de morte para eles
      Não sei o que se passa na cabeça desses agressores, se têm vontade de fazer sexo, paguem a uma prostituta. Se gostam de ser violentos, treinem desporto. Se são burros matem-se em vez dos outros. Felizmente estão agora a haver manifestações e revoltas por causa disto, se o governo na Índia não achar que isto é o suficiente para fazer alguma mudança nas leis, as revoltas serão ainda maiores. Não só a família e amigos da vítima se sentem injustiçados, esta notícia está espalhada pelo mundo e se não mudarem nada será uma vergonha para um país que diz estar a evoluir cada vez mais. Já foram presas pessoas por suspeitas do crime, espero que sejam essas e que sejam punidas severamente.
      As leis devem mudar, e muito. Mas não só lá, em todo o lado. Todos os dias milhares de pessoas, principalmente mulheres, são vitimas de abusos sexuais. Não percebo muito de leis, mas penso que se uma pessoa fizer queixa disso pouco se pode fazer depois, ou o processo será muito lento, ou apenas vão pedir ao agressor para não fazer mais aquilo. Para mim mesmo um simples abuso sexual deve ser punido, e de forma severa. Já sei que muitas pessoas se iriam aproveitar disso para tentar incriminar os outros, mas tenho a certeza que com esta lei sofrem muito mais pessoas, as verdadeiras vítimas. Se violar uma rapariga e tiverem provas? cortar os testículos foram e diminuir as hormonas no corpo. Devia ser assim na minha opinião, se for uma mulher a fazer isso deve também sofrer a diminuição de hormonas.
      Mas não sou e que tenho de pensar nisso. Existem pessoas que o devem fazer e não fazem, as leis por vezes parecem mais beneficiar o criminoso do que a vítima. Eu não entendo, e certamente a família desta rapariga também não. Será uma dor eterna para eles, e para os agressores, o que será? Espero que Deus faça alguma coisa, porque no governo já não confio.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Ano novo

      Boa tarde a todos.
      Vou agora fazer um pequeno resumo do que se passou em 2012, falando sobre os bons e os maus momentos. Isto vai ser interessante para quem é curioso e me conhece. Comecemos pelas coisas boas, em 2012 tudo começou pela normalidade, estava motivado pela mudança a perder peso (aconteceu o contrário) e a fazer alguma coisa na minha vida. Continuei na escola, felizmente dei o meu melhor, e obtive resultados razoáveis. Tive sorte em algumas coisas, o amor sorriu-me, estive com a pessoa que amo, tive o melhor dia da minha vida, fiz mais algumas coisas mas é segredo shhh! Também foi neste ano que abri a minha primeira conta e comecei a procura de emprego. Aprendi imensas coisas para aguentar a doença que tenho, mudei completamente a forma como me visto, comprei muitas coisas e agora sinto-me mais feliz. Foi também aqui que os meus pais se começaram a separar, uma coisa bastante positiva que está a trazer muita felicidade à minha mãe.
      Momentos maus basearam-se muito na minha doença, nem sempre tenho forças para a suportar mas tento fazer o que posso todos os dias. Não consegui nenhum emprego e infelizmente agora não tenho nada para fazer, mas isso será a próxima mudança.
     No resumo de tudo foi um ano positivo, onde as coisas boas ultrapassaram as más. Espero que este seja ainda melhor não só para mim, mas para todas as pessoas que eu gosto.

Obrigado.

sábado, 29 de dezembro de 2012

As mulheres

       As mulheres são lindas, são raras, são partes de Deus que saíram com menos defeitos do que os homens. Todas as mulheres têm alguma coisa especial, com algumas excepções, claro que existem pessoas sem nada lá dentro. Eu odeio guerras entre os dois, simplesmente odeio quando os homens dizem que as mulheres não sabem conduzir, ou quando as mulheres dizem que os homens não sabem cozinhar, irrita-me muito essas pequenas guerras, são brincadeiras para algumas pessoas mas para outras, homens principalmente, alimentam o seu carácter demasiado, fazendo-os pensar que as mulheres não servem para nada e assim discrimina-las como se fazia há muito tempo. Odeio que se rebaixem em vez de se apoiar.
      Para mim a mulher complementa o homem, e o homem complementa a mulher. Existe uma natureza linda entre os dois quando ficam juntos, e todos parecem esquecer-se disso. Até fisicamente isso acontece (se forem menores não leiam as próximas frases), o corpo da mulher encaixa no do homem com uma facilidade e perfeição que pouco se vê na natureza. Para além do sexo existe ali mais alguma coisa, é lindo ver quando dois corpos que se amam encaixam, se beijam, se roçam um no outro, e daí criam um novo ser com todo esse amor. A natureza é tão linda, mas ninguém quer ver esse lado. Preferem pensar no sexo apenas por prazer, mais nada.
      A mulher em toda a história foi importante, mesmo antes de começar ser escrita, já era a mulher que ficava a tratar dos filhos enquanto os homens iam caçar para a família sobreviver. Não quero dizer que a mulher tinha um papel menos importante, quero apenas mostrar que, o homem como é mais forte fisicamente tinha o trabalho que exigia mais disso, e a mulher como era carinhosa tratava dos filhos de uma forma que mais ninguém conseguiria. Assim juntava-se o que cada um tinha de melhor e conseguimos sobreviver até agora. Infelizmente, com a participação de muitos homens estúpidos e ignorantes, a mulher começou a ser vista como um ser inferior, com um estatuto demasiado diferente. Ainda hoje é assim, mas felizmente as mulheres têm cada vez mais direitos e espero que a igualdade continue a aumentar. Nos países em que a mulher é considerada inferior existem outras razões para isso, penso que é cultura, mas isso não é desculpa para a maneira como são tratadas. Merecem respeito porque são humanas, gostava de ver se os homens de lá recebessem aquelas punições se não mudavam logo as coisas. Mas não posso falar apenas em direitos, também existem deveres, e algumas mulheres "esquecem-se" dos seus deveres, e não deviam.
      É assim, todos temos alguma coisa para fazer pelo mundo. E acho que a injustiça contra as mulheres devia acabar, mas só quero dizer isto. Todas as mulheres são raras, mas para mim, a minha é a melhor de todas.

Muito obrigado.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Violência

      Boa tarde.
      Vou iniciar o texto com uma pergunta, até que ponto devemos intervir na liberdade dos outros?
Pergunto isto, porque acho que a nossa sociedade não evoluiu muito no aspecto de intervir nos problemas dos outros quando é necessário, levando as pessoas a pensar sempre "é melhor não me meter" ou "não é problema meu", sendo culpa da educação mais antiga que não permitia que qualquer pessoa, mesmo que fosse apenas conhecida, intervir nos problemas das famílias, já que isso era a função do homem. O pior era quando o problema estava ai. A família era um local fechado e ninguém poderia fazer nada mesmo que soubesse, a polícia não tinha funções como as de hoje de proteger as famílias ou as vítimas. Dizia-se muito "entre marido e mulher não se mete a colher", o que tem lógica, não pode qualquer pessoa meter-se nos problemas mínimos de um casal, mas é aí existe outro problema, poucos sabem quando devem intervir, e quando esses problemas se podem tornar no início de um conflito violento, sendo as vítimas não só o membro do casal afectado, como também os filhos ou outros familiares.
      Infelizmente já assisti a violência e já fui vítima disso. Posso falar-vos de uma rapariga que sofria demasiado com uma pessoa violenta, e mesmo com o apoio dos amigos e com a possibilidade de se afastar não o quis fazer. Apesar de todos lhe dizerem que era isso que deveria fazer. Tenho também o exemplo dos meus pais que só recentemente deixarem de discutir. Mas que, infelizmente, durante muitos anos magoaram muitas pessoas. O que posso dizer é que, na maior parte das vezes, existem motivos para a violência continuar e as pessoas não conseguirem fugir dela, entre esses está o medo, a vergonha, ou mentalidades que não conseguem mudar. Existem também aquelas pessoas que gostam de sofrer, mas são demasiado estranhas para eu compreender. Lembro-me de numa aula de filosofia estarmos a falar sobre a liberdade de cada um, e a professora deu o exemplo de: "se virmos alguém a ser agredido, devemos fazer queixa ou não fazer nada?" e eu respondi: "fazer queixa claro", apesar da resposta óbvia, agora penso que essa escolha poderia não ser apenas minha, porque se a pessoa que foi agredida não faz queixa, porque vou eu fazer? Mas é aí que entram os motivos que falei, o medo ou a vergonha muitas vezes impedem que as pessoas tomem essas decisões, e por vezes com a ajuda dos outros já se sentem mais preparadas para fazer uma queixa ou resolver o problema.
      Hoje em dia as leis são bem entendidas por todos, assistir a violência e não fazer queixa, tornam a pessoa culpada daquele crime também, o que é bom. Mas aposto que metade das pessoas continua sem fazer nada, outros sentem-se pressionados pelas leis a fazer alguma coisa mas preferem não se meter, e uma pequena parte das pessoas com isso já se sente preparada para ajudar quem precisa. Algumas pessoas a ver amigos a sofrer não fazem nada. Não percebem que essa violência pode por vezes levar à morte, e se isso acontece sentem-se um pouco mal por não terem ajudado, mas preferem atirar a culpa toda a quem começou com a violência, mas essas pessoas continuaram sempre ignorantes. Eu sei que é triste mas é a verdade, e por favor, se souber de violência comunique para a polícia ou qualquer assistência para ajudar.  Ficam aqui alguns sítios onde podem ter uma ajuda, nem que seja pequena:

Número de emergência nacional - 112.
APAV - 228346840.