Boa tarde.
Vou iniciar o texto com uma pergunta, até que ponto devemos intervir na liberdade dos outros?
Pergunto isto, porque acho que a nossa sociedade não evoluiu muito no aspecto de intervir nos problemas dos outros quando é necessário, levando as pessoas a pensar sempre "é melhor não me meter" ou "não é problema meu", sendo culpa da educação mais antiga que não permitia que qualquer pessoa, mesmo que fosse apenas conhecida, intervir nos problemas das famílias, já que isso era a função do homem. O pior era quando o problema estava ai. A família era um local fechado e ninguém poderia fazer nada mesmo que soubesse, a polícia não tinha funções como as de hoje de proteger as famílias ou as vítimas. Dizia-se muito "entre marido e mulher não se mete a colher", o que tem lógica, não pode qualquer pessoa meter-se nos problemas mínimos de um casal, mas é aí existe outro problema, poucos sabem quando devem intervir, e quando esses problemas se podem tornar no início de um conflito violento, sendo as vítimas não só o membro do casal afectado, como também os filhos ou outros familiares.
Infelizmente já assisti a violência e já fui vítima disso. Posso falar-vos de uma rapariga que sofria demasiado com uma pessoa violenta, e mesmo com o apoio dos amigos e com a possibilidade de se afastar não o quis fazer. Apesar de todos lhe dizerem que era isso que deveria fazer. Tenho também o exemplo dos meus pais que só recentemente deixarem de discutir. Mas que, infelizmente, durante muitos anos magoaram muitas pessoas. O que posso dizer é que, na maior parte das vezes, existem motivos para a violência continuar e as pessoas não conseguirem fugir dela, entre esses está o medo, a vergonha, ou mentalidades que não conseguem mudar. Existem também aquelas pessoas que gostam de sofrer, mas são demasiado estranhas para eu compreender. Lembro-me de numa aula de filosofia estarmos a falar sobre a liberdade de cada um, e a professora deu o exemplo de: "se virmos alguém a ser agredido, devemos fazer queixa ou não fazer nada?" e eu respondi: "fazer queixa claro", apesar da resposta óbvia, agora penso que essa escolha poderia não ser apenas minha, porque se a pessoa que foi agredida não faz queixa, porque vou eu fazer? Mas é aí que entram os motivos que falei, o medo ou a vergonha muitas vezes impedem que as pessoas tomem essas decisões, e por vezes com a ajuda dos outros já se sentem mais preparadas para fazer uma queixa ou resolver o problema.
Hoje em dia as leis são bem entendidas por todos, assistir a violência e não fazer queixa, tornam a pessoa culpada daquele crime também, o que é bom. Mas aposto que metade das pessoas continua sem fazer nada, outros sentem-se pressionados pelas leis a fazer alguma coisa mas preferem não se meter, e uma pequena parte das pessoas com isso já se sente preparada para ajudar quem precisa. Algumas pessoas a ver amigos a sofrer não fazem nada. Não percebem que essa violência pode por vezes levar à morte, e se isso acontece sentem-se um pouco mal por não terem ajudado, mas preferem atirar a culpa toda a quem começou com a violência, mas essas pessoas continuaram sempre ignorantes. Eu sei que é triste mas é a verdade, e por favor, se souber de violência comunique para a polícia ou qualquer assistência para ajudar. Ficam aqui alguns sítios onde podem ter uma ajuda, nem que seja pequena:
Número de emergência nacional - 112.
APAV - 228346840.
Sem comentários:
Enviar um comentário